terça-feira, 25 de julho de 2017

CãozinhO


Foi-se embora o meu cãozinho!
Meu cãozinho se foi!
Meu herói... minha heroína;
Partiu com um dilacerante adeus
E me deixou aqui;
cheio de saudades;
cheio de lembranças;
que nunca morrem;
que nunca me deixam;
e que nunca me permitiram ser novamente
o que eu era antes dele.
TIAGO R. CARVALHO

sábado, 22 de julho de 2017

NÃO


Como podemos ser animais sociais e ao mesmo tempo adotarmos o comportamento irracional? Reconhecendo que a sociedade não é uma criação do homem e sim um fenômeno do qual ele faz parte.
Ao negar nossas responsabilidades, como seres ditos racionais, provocamos uma desordem de identidade que se realimenta do processo de socialização – atualmente dominado pelas redes sociais.
A necessidade de criar vínculos em toda parte, de diversas formas e por diversos meios exige a manutenção de uma identidade mutante que se traduz num abalo permanente do próprio ser. Entre a harmonia interior e a popularidade sacrifica-se a primeira em nome da segunda. Não seria a primeira vez em sua historia que o homem abdica da paz diante de seus interesses. A voz passional é sempre mais viril que a da razão.
Somos tão poderosamente conscientes de nosso intelecto que lhe negamos o papel de arbitro. Talvez devido ao medo de nos tornarmos excessivamente frios e mecânicos, ou quem sabe nossas mentes tenham evoluído mais rapidamente que nossos corpos - sempre presos a um conceito de felicidade que se traduz em sensações.
A verdade é que não negamos a razão por temer suas conseqüências, mas porque queremos abrir mão das responsabilidades que ele representa. Essa fuga, essa busca eterna pela juventude nos torna animais famintos por socialização. Queremos ser populares porque é assim que nos renovamos, nos tornamos fluidos, elementos sem uma forma física, sem um encaixe perfeito. É dessa forma, estando em todos os lugares ao mesmo tempo, que nos eximimos daquilo que nos adaptamos para ser: seres racionais.
Negar é, portanto a essência humana: da criança que quer ser adulto; do adolescente que desconsidera sua imaturidade ao adulto que nega os primeiros fios brancos reluzentes diante do espelho. Aquele que não suporta ouvir um “não” é o mesmo que diz “não” a si mesmo por toda a vida.
Não somos pacíficos embora saibamos as conseqüências da guerra.
Não somos preservacionistas embora testemunhemos a fúria da natureza.
Não somos caridosos embora saibamos como é dolorosa a fome.
Não somos humanos embora tenhamos consciência de como ser.
Não... Não têm desculpa!
AUTOR:
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

domingo, 2 de julho de 2017

ASTRONAUTA


Não sou mais o que eu era! Algo se perdeu nos últimos tempos sem que eu possa dizer exatamente o que. Mudei naturalmente, furiosamente, desesperadamente... Repentinamente. Isso porque resolvi olhar a mudança com outros olhos e acabei enxergando que sua aparência não corresponde ao que ela representa.
Mudar é difícil e assusta porque se parece com um retrocesso. É como se subitamente um caminho contrario fosse traçado. Às vezes é preciso coragem para jogar a toalha e seguir em outra direção. Que bom que existem outros caminhos alem daqueles definidos pelo meu próprio ego.
A verdade é que temos vergonha de mudar diante daqueles que nos conhecem. Porque mudar nesse meio é como abraçar a derrota, assassinar o que fomos, suicidar nossa personalidade, nos curvar a realidade. Mas meu orgulho não me permite tal desonra. Por isso ao mudar busco novos ambientes, novos amigos.
No planeta terra só existem conquistadores vitoriosos na arte de esconder suas derrotas. Heróis, príncipes e princesas! Como o mundo é bonito na sua irrealidade aparente. O brilho das chamas esconde as cinzas que ela produz.
Estou a procura de outros planetas, onde exista vida humana com todas as suas falhas e complexidade orgânica de execução. Os alienígenas da terra possuem o inconveniente da perfeição. Ao me perder na imensidão dos espaços vazios, sob a tênue luz das estrelas furiosas e incandescente, encontro as respostas que no passado busquei entre os vaidosos sábios da ignorância.
AUTOR:
TIAGO R. CARVALHO