Como podemos ser animais sociais e ao mesmo tempo adotarmos o comportamento irracional? Reconhecendo que a sociedade não é uma criação do homem e sim um fenômeno do qual ele faz parte.
Ao negar nossas responsabilidades, como seres ditos racionais, provocamos uma desordem de identidade que se realimenta do processo de socialização – atualmente dominado pelas redes sociais.
A necessidade de criar vínculos em toda parte, de diversas formas e por diversos meios exige a manutenção de uma identidade mutante que se traduz num abalo permanente do próprio ser. Entre a harmonia interior e a popularidade sacrifica-se a primeira em nome da segunda. Não seria a primeira vez em sua historia que o homem abdica da paz diante de seus interesses. A voz passional é sempre mais viril que a da razão.
Somos tão poderosamente conscientes de nosso intelecto que lhe negamos o papel de arbitro. Talvez devido ao medo de nos tornarmos excessivamente frios e mecânicos, ou quem sabe nossas mentes tenham evoluído mais rapidamente que nossos corpos - sempre presos a um conceito de felicidade que se traduz em sensações.
A verdade é que não negamos a razão por temer suas conseqüências, mas porque queremos abrir mão das responsabilidades que ele representa. Essa fuga, essa busca eterna pela juventude nos torna animais famintos por socialização. Queremos ser populares porque é assim que nos renovamos, nos tornamos fluidos, elementos sem uma forma física, sem um encaixe perfeito. É dessa forma, estando em todos os lugares ao mesmo tempo, que nos eximimos daquilo que nos adaptamos para ser: seres racionais.
Negar é, portanto a essência humana: da criança que quer ser adulto; do adolescente que desconsidera sua imaturidade ao adulto que nega os primeiros fios brancos reluzentes diante do espelho. Aquele que não suporta ouvir um “não” é o mesmo que diz “não” a si mesmo por toda a vida.
Não somos pacíficos embora saibamos as conseqüências da guerra.
Não somos preservacionistas embora testemunhemos a fúria da natureza.
Não somos caridosos embora saibamos como é dolorosa a fome.
Não somos humanos embora tenhamos consciência de como ser.
Não... Não têm desculpa!
AUTOR:
TIAGO RODRIGUES CARVALHO
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